2010 : Centenário da Escritora Rachel de Queiroz
Por : Tamara Cecília Rangel Gomes
"Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra da mesma cruz."
O Quinze - Rachel de Queiroz
Publicado em 1930, o romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, narra a grande seca pela qual passou o Estado do Ceará em 1915. A própria família de Rachel foi obrigada a fugir do Ceará: foi para o Rio de Janeiro, depois para Belém do Pará. Possui cenas e episódios característicos da região, com a procissão de pedir chuva, traço descritivo da condição do retirante.
“A lembrança só dói quando fresca. Depois de curtida é um consolo.”
(Rachel de Queiroz)
Em O Quinze, a autora exprime intensa preocupação social, apoiada, contudo, na análise psicológica das personagens, especialmente o homem nordestino, sob pressão de forças atávicas que o impelem à aceitação fatalista do destino. Há uma tomada de posição temática da seca, do coronelismo( Fenômeno social e político típico da República Velha, caracterizado pelo prestígio de um chefe político e por seu poder de mando.) e dos impulsos passionais, em que o psicológico se harmoniza com o social.
A obra apresenta a seca do nordeste e a fome como conseqüência, não trazendo ou tentando dar uma lição, mas como imagem da vida.
Trata-se de uma leitura quase obrigatória , pois a complexidade do tema permite estudos interdisciplinares.
Por exemplo :República Velha, formas de relevo, hidrografia da região nordeste, condição do retirante, a questão da fome, 2ª Fase do Modernismo , norma culta X linguagem coloquial, etc.
É possível desenvolver um processo de conscientização permanente na comunidade escolar acerca dos valores culturais literários, compreendendo o contexto cultural como um veículo que leve o aluno a explorar, pensar, descobrir, criar, ajudando a construir seu próprio conhecimento para o seu desenvolvimento integral como cidadão.
Que no ano dedicado a homenagear a grande escritora Rachel de Queiroz possamos fazer muitas reflexões acerca da condição humana.
'‘... A gente nasce e morre só. E talvez por isso mesmo é que se precisa tanto de viver acompanhado... ''
(Rachel de Queiroz)
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