segunda-feira, 30 de maio de 2011

A CONSAGRAÇÃO DA IGNORÂNCIA

                                                                           

Não consigo entender a insistência de algumas pessoas a nos forçar a acreditar que seja, realmente, correto admitir um monte de erros. Na semana passada fiquei surpresa, ou melhor, decepcionada com um editorial que li na revista IstoÉ.
Nada explica esse culto à ignorância e esse descaso com a nossa grafia. Não sou  nenhuma expert em liguística, mas não posso acreditar que ficaremos calados aceitando pacificamente o que estão querendo nos empurrar dizendo que o correto é puro preconceito linguístico.
Para quem não sabe do que estou falando,e não saber é inconcebível, foi lançado pelo Ministério da Educação e Cultura um livro intitulado "Por uma Vida melhor" que é uma vergonha maior...



"A CONSAGRAÇÃO DA IGNORÂNCIA"
                                                                                                        


Carlos José Marques, diretor editorial

A inconcebível decisão do Ministério da Educação e Cultura de avalizar o livro “Por uma Vida Melhor” para as escolas públicas desmoraliza o idioma nacional e põe por terra um dos maiores valores da cidadania, que é a língua de seu povo. O livro – que deveria ser intitulado “Por um Ensino Pior” – prega que é aceitável o uso de expressões como “nós pega o peixe” ou “os livro”. O argumento por trás desse despautério é o de que tais expressões são corriqueiras na comunicação falada dos brasileiros. Em outras palavras, o falar errado legitima o escrever e o ler errado e, por tabela, numa conclusão inapelável, o ensinar errado. É a apologia da mediocridade! Com o selo oficial do MEC, a obra agride normas gramaticais e estabelece um novo padrão de pedagogia em que a leniência e o descaso com o ensino viram praxe. Com essa rendição na formação do brasileiro o País pode entrar numa rota perigosa rumo ao atraso e à delinquência educacional. “Por uma Vida Melhor” indica ainda que, no mundo do “politicamente correto”, orientar o aluno para que ele empregue o idioma na sua forma certa equivale a um “preconceito linguístico”. Não cabem parâmetros ou regras convencionais. O uso impróprio é aceitável. A banalização do português é permitida. Ao pé da letra desse entendimento, os colégios vão ter de acatar o ataque à concordância verbal, a afronta aos mecanismos gramaticais e o desprezo à boa literatura. Trata-se de uma pregação demagógica e obtusa. Um desserviço à Nação. Será que é isso que desejam os milhões de pais quando levam seus filhos às escolas todos os dias? É admissível que estudantes tenham na mochila e nas carteiras da sala de aula um material que emburrece em vez de instruir? A artimanha marota de aplicar nessas instituições a lei do menor esforço – e do menor custo – no ensino só pode atender à alegação de que faltam recursos para a cultura e educação. Professores ganham mal, logo não se pode exigir deles que tirem alunos do estado de ignorância! Deforma-se assim o caráter do brasileiro. A revisão da obra “Por uma Vida Melhor” ou a sua retirada pura e simples das prateleiras e do ambiente escolar é urgente. O que está em jogo, antes de tudo, é a discussão sobre como queremos preparar as futuras gerações. Se abdicarmos do papel vital de formar e educar corretamente os cidadãos, o que restará? Dentro em pouco, alguém lançará a ideia de abandono da bandeira nacional. Teremos, a partir daí, alguma identidade?

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